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quinta-feira, 11 de março de 2021

Grávida de Taubaté

Pátria Amada...

Olá, pseudo-grávidas!
Olá, pseudo-grávidos!

O post de hoje é a recapitulação de um caso famosíssimo, que ocorreu há 9 anos no interior do estado de São Paulo, na cidade de Taubaté.

Qual? Qual?
A Grávida de Taubaté.

Lembrando que Taubaté só tem duas coisas: Monteiro Lobato e uma falsa grávida... Brinks, hein!

Nossa história começa com a pedagoga Maria Verônica e seu marido Cléber, funcionário da Volkswagen. Vevê, para os íntimos, virou atração da cidade em Janeiro de 2012, quando, supostamente, estava no oitavo mês de uma gestação múltipla: estava esperando quádruplas, 4 menininhas.

Gravidíssima...

Sabemos que as emissoras brasileiras não podem ver um bafafá, e então enviaram seus abutres para explorar mais a história e conseguir uns pontinhos no Ibope.

...

Vevê e o marido Clebinho comoveram a população brasileira contando a trajetória do casal. Eram pessoas simples, de classe média, e sabiam o quão difícil seria criar e sustentar 4 criancinhas de uma vez só. Verônica ainda relatou que não falava com o pai desde o início de seu relacionamento com o marido, e a gravidez serviu para aproximar pai e filha. Choraste?

<3

Ainda mais uma pitada de comoção: Clebinho havia feito vasectomia e, em teoria, não poderia mais ser pai. Ele até pensou em fazer um espermograma, para ver o que rolou, o porquê da cirurgia não ter sido eficaz, mas deixou pra lá, optou por confiar na esposa.

Família feliz...

Enquanto isso, a mídia estava obcecada pela família, o casal vivia dando entrevistas, Verônica ganhou apelido de "super-grávida"... Para ela não havia tempo ruim. Andava pra baixo e pra cima, subia e descia escadas com aquele barrigão sem qualquer dificuldade.

Os nomes das menininhas já haviam sido escolhidos: Maria Eduarda, Maria Clara, Maria Fernanda e Maria Vitória. Vevê mostrou o ultrassom em rede nacional, coisa mais emocionante.

As 4 Marias

A família foi então convidada para participar do programa Hoje em Dia, da Record, para contar (mais uma vez) sua história, ganhar uns mimos, etc. Eis que uma das apresentadoras, a Chris Flores, estava achando aquela história, e a barriga, muito estranhas. Chamou Verônica em seu camarim e falou na lata: "AMOSTRA SUA BARRIGA AÍ! QUERO VER!". Mentira, gente, ela foi mais educada, até porque, se a mulher estivesse realmente grávida, poderia se estressar e parir ali no camarim mesmo. Cê loko...

Equipe do programa...

Chris Flores, pleníssima em sua sensatez...

Maria Verônica ficou #xatiadíssima, muito triste, falou que não mostraria, pois sua barriga estava muito feia, cheia de estrias, com marcas de queimaduras, enfim, um chororô danado. Até ameaçou a ir embora, mas a produção a convenceu de ficar.

Vai todo mundo pro set de gravação, conversa vai, conversa vem, e algumas lojas fizeram doações para a família. Bercinhos, brinquedinhos, enxoval, produtos de higiene, tudo para as futuras bebezinhas ficarem lindas, limpinhas e cheirosas. Edu Guedes se comove, chora... enfim, muita #emossaum.

Emocionado demais...

As doações...

Porém, em paralelo, resolveram investigar. Ligaram para o FBI e para a CIA, mentira, as emissoras enviaram seus abutres até Taubaté para solucionar o maior mistério do jornalismo investigativo: Verônica estava ou não estava grávida?

Agentes chegando em Taubaté...

Um repórter foi até o médico dela e descobriu que o ultrassom apresentado na tv era FALSO! Ela pegou de outra grávida e cobriu o nome da paciente. Simples assim. O ginecologista também falou que acompanhou a super-grávida até Outubro e ela, até então, não estava grávida. (Lembrando que, se em Janeiro ela estava de 8 meses, em Outubro ela estaria de 5-6 meses). Foi mostrado até um ultrassom transvaginal dela em rede nacional, geeente... olha nível do "jornalismo" e da confidencialidade entre médico e paciente...

O US falso e o US verdadeiro

O marido resolveu então fazer um B.O, contra a emissora, acusando-a de perseguir a família, que deveriam ter mais respeito, pois a mulher estava grávida. Aí a polícia retrucou "Ok, mas queremos um exame comprovando a gravidez, porque se esta informação for falsa, vocês estão mentindo num documento policial." VISH

Verônica passa mal durante a noite, mas recusa atendimento médico. Clebinho então descobre a farsa da esposa. Pois é, ele NÃO sabia da farsa.

Os nossos jornalistas investigativos também obtiveram imagens da câmera de segurança do prédio de Verônica de 3 meses atrás e viram que ela estava magra, com a barriga bem diferente.

O FBI prédio liberou as imagens...

A grávida desaparece do mapa e só reaparece no final de Janeiro para depor.
Seu advogado, numa coletiva de imprensa, explica que os motivos que a levaram a inventar a gravidez foram problemas psicológicos e que o marido não sabia da farsa, pois a mulher evitava contato físico com ele durante o período "gestacional". Também foi dito que as doações seriam devolvidas à emissora.

Surya fazendo escola...

Hoje em dia, Verônica mudou de casa, de visual, de emprego, fez tratamento psiquiátrico, mas ainda colhe frutos de sua farsa, pois o termo "Grávida de Taubaté" virou meme e sinônimo de pessoas e coisas mentirosas.

Disfarçadah...

Virou também Ala da escola de samba São Clemente, bloquinho de carnaval na cidade natal da lenda, amigurumis, fantasias, estampa para roupas, enfeites de Natal, podcast / canal (Filhos da Grávida de Taubaté), etc.








Há relatos que a Record ofereceu R$100.000,00 para Verônica participar do reality "A Fazenda", mas ela recusou... Será? Verdade ou lenda? Chamem os repórteres investigativos!



Parte das informações desta postagem foram tiradas do Modus Operandi, um podcast maravigold apresentado apenas por mulheres. Está disponível no Spotify. ;)

quarta-feira, 10 de março de 2021

Asaro - "Homens-Lama"

Aooowww

Olá, leitores, olá, leitoras!
Muito tempo sem postar, né non?

Pois é...

Deu até teia de aranha...

Bom, vamos lá!
Hoje falaremos de um povo nativo da Papua Nova Guiné, que conheceu o Mundo Ocidental (que alguns chamam de "civilização") apenas em meados do século XX.

Civilizeixon

Papua Nova Guiné, fica em cima da Austrália, caso tenham faltado às aulas de Geografia...

"Nossa, mas que galera é essa, mermão?"
São os Asaro - Mudmen ou Homens-Lama.

"É nóix!"

Os Asaro, ou Homens-Lama, são um grupo nativo da região de Goroka, que vivem em clãs agrários no agreste da Papua Nova Guiné, e ficaram famosos por suas máscaras feitas de lama (argila).

Senhores Asaro mostrando suas máscaras feitas à mão

E antes que vocês pensem que eles usam essas máscaras para se fantasiarem no Carnaval, ou para dançar na Carreta Furacão, vamos às suas origens, que são cercadas de lendas interessantes.

"Siga em frente, olhe para o lado..."

Reza a primeira lenda que os Asaro foram derrotados por uma aldeia inimiga e se viram obrigados a fugir em direção ao Rio Asaro. Chegando ao rio, eles se esconderam e passaram lama pelo corpo para se camuflarem, deixando o rosto descoberto pois, segundo eles, a lama era supostamente venenosa. Para disfarçar o rosto, pegaram pedras de cachoeira (seixos), fizeram máscaras com elas e ficaram no rio até anoitecer. Quando escureceu, ao saírem pelas margens, foram vistos pelos inimigos, que fugiram, pensando se tratar de espíritos. Os inimigos voltaram aterrorizados para sua aldeia e a notícia de que os Asaro eram aliados dos espíritos do rio se espalhou pela região. Passaram então, a usar as máscaras para assustar os inimigos.

"Não olha pro lado, quem tá passando é o bonde..."

Outra lenda diz que houve um casamento e todos estavam convidados. Fica, vai ter bolo! Porém um dos convidados não tinha um traje adequado para ir e resolveu inovar. E o que ele fez? Usou um terno? Usou uma folha de bananeira? Usou uma saia de miçangas? Usou o próprio traje da noiva? Nãaao! Ele usou um saco na cabeça, sujo de lama, fez dois buracos para os olhinhos, cobriu-se de argila e foi. Chegando lá, off course, assustou todos os convidados, pois pensaram que era um fantasma. O convidado então pensou "ué?" e teve uma ideia: usar essa mesma "roupa" durante as batalhas para assustar as aldeias inimigas.

"É aqui que tá rolando um casório?"

Eu gostei mais da primeira lenda, e vocês?
Continuando...
Antropólogos dizem que as máscaras eram mais simples e rudimentares, mas com o aumento do interesse na tribo e o turismo na região, os Asaro passaram a fazer máscaras mais elaboradas e adornadas com conchas, dentes de porcos-selvagens, etc. Gente, design é tudo, tutto!

Antes do curso de design de produto...

Depois do curso de design de produto...

Um homem Asaro relatou que, com o aumento do turismo na região, povos vizinhos começaram a plagiar as lendas dos Asaro para comercializarem máscaras e outros souvenirs. E como não existe direito autoral sobre lendas, fica difícil eles protegerem suas histórias e impedir cópias e farsantes. Seu nome é Kori e ele foi um dos convidados pelo Sydney's Australian Museum para participar de uma exposição onde teve a oportunidade de contar a história de seu povo e ensinar às pessoas como fazer sua própria máscara.

Fotos de Kori e da exposição, retiradas do site da BBC:





E abaixo, mais fotos dos Asaro, retiradas do site do fotógrafo Jimmy Nelson, que eu já citei outras vezes no blog:




Se você gostou, já falei de outro povo da Papua Nova Guiné aqui no blog, os Kaningara.

;)