Eita...
Olá, abduzidos!
Olá, abduzidas!
O post de hoje é sobre um suposto caso de abdução famosíssimo que ocorreu nos EUA, cuja história virou o livro "The Walton Experience" e depois foi adaptado para telona, com o título "Fogo no Céu".
Livro - 1978
Filme - 1993
Este post é especialmente dedicado a todos os meus amigos, colegas, conhecidos, desconhecidos, para você, que caiu aqui no blog aleatoriamente, e que têm o mesmo desejo louco e insano em comum: serem abduzidos.
"Quequitacontecenu?"
Gente, aceito de presente!
Bom, vamos lá!
Tudo começou em Novembro de 1975, quando o lenhador Mike Rogers, um contratado do Serviço Florestal dos EUA, escalou alguns amigos e colegas para podarem árvores baixas e alguns arbustos numa enorme área da Floresta Nacional de Apache-Sitgreaves, localizada no estado do Arizona. Além de Travis Walton, nosso protagonista, também estavam no dia: Ken Peterson, John Goulette, Allen Dallis, Dwayne Smith e Steve Pierce. Com o cronograma atrasado, eles começavam a trabalhar assim que o sol nascia e iam direto até anoitecer. Parando apenas para um lanchinho e um xixi, claro.
Floresta Nacional de Apache-Sitgreaves
Arizona
Pois muito que bem.
No fatídico dia 5 de Novembro, após anoitecer, todo mundo cansadão, loucos para tomar uma cervejinha, afinal, sextou, mentira, era quarta-feira, então quartou, eles juntaram suas ferramentas, as motosserras, as marmitas, se apertaram na caminhonete de Mike Rogers e partiram para Snowflake, cidadezinha onde moravam. Gente, 7 homens adultos numa caminhonete é sofrimento, viu...
Cena do filme
No meio do caminho, os rapazes observaram uma luminosidade muito forte vindo da floresta (lembrando que já estava de noite e eles estavam numa estrada que corta uma floresta), e então foram averiguar. Seria um incêndio? Um acidente? Aurora Boreal vermelha-soviética?
É fogo? É meu coração em chamas?
Chegaram mais perto e descobriram que se tratava de um DISCO VOADOR enooorme. Mike Rogers parou o carro e, segundo relatos dos colegas, Travis Walton PULOU DO CARRO PARA VER DE PERTO. Ah gente, sério. Jovem merdeiro é foda viu... Euzinha, que sou super curiosa, como já comentei aqui, mas prezo muito pela minha vida, jamais sairia serelepe saltitante para perto de um OVNI, cujas intenções são desconhecidas.
"Oi ET, prazer, eu sou o jovem merdeiro!"
Ah, véi... Sem chance de eu chegar perto disso aí...
O que vocês acham que aconteceu? Merda, óbvio.
Travis chegou perto demais e a nave começou a emitir uns ruídos, bem no estilo "SAI DAQUI, PESTE!". Ele se abaixou atrás de uma pedra e, quando tentou voltar para a caminhonete, sentiu uma forte descarga elétrica e desmaiou. Os colegas, que estavam no carro, relataram que uma luz muito forte foi disparada pelo OVNI em direção a Travis, o que provavelmente causou o choque.
OVNI with lasers...
Cena do filme - Travis é atingido por uma gratiluz
O que os best friends forever fizeram? Arrancaram com a caminhonete e vazaram, claro, nem julgo, no c* não passava nem WiFi...
Mike meteu o pé no acelerador, com medo da nave perseguir o carro. Quando se deram conta de que estava tudo bem, só que não, a consciência pesou e começaram a discutir. Uns queriam retornar ao local para buscar Travis, outros sugeriram pedir ajuda primeiro, trocaram farpas e ofensas... Mike parou a caminhonete e falou: "A gente agiu como covardes. Vou lá buscar meu amigo, quem não quiser, pode descer do carro." Ninguém desceu e todos foram buscar Travis.
"Temos mesmo que buscar o merdeiro?"
Chegando no local...
Ué, cadê? Primeiro ficaram aliviados pois não havia um corpo, então ninguém morreu. Depois se dispersaram e começaram a gritar pelo amigo. Nada. Ninguém respondeu. Aí começaram a suspeitar o pior: a nave havia abduzido Travis. Os rapazes entraram na caminhonete e voltaram correndo para a cidadezinha mais próxima: Heber.
Lá tem alces?
Ken Peterson ligou para a polícia. O oficial Chuck Norris Ellison respondeu à chamada e foi se encontrar com eles. Chuck alega que os rapazes estavam perturbados, com medo e alguns até chorando. Chuck chamou o xerife Martin Gillespie para interrogar todos. Mike Rogers insistiu que deveriam retornar ao local do incidente com cães farejadores, para iniciarem as buscas. Como não havia cães, foram apenas os policiais e alguns membros do grupo. John Goulette, Dwayne Smith e Steve Pierce estavam muito traumatizados para participarem das buscas e acharam melhor voltarem à Snowflake para dar as más notícias aos amigos e familiares de Travis.
"Tô de folga hoje, chefia..."
No local do incidente não foram encontrados vestígios de Travis, alien, OVNI, nada. A polícia começou então a desconfiar dos relatos dos rapazes e suspeitaram de que eles estavam tentando acobertar algum acidente que resultou na morte de Travis ou até mesmo um assassinato.
No sábado, dia 8, o irmão mais velho de Travis, Duane, e Mike Rogers foram à delegacia exigindo explicações do porquê ninguém estava procurando pelo amigo desaparecido. No mesmo dia então, helicópteros, jipes e a cavalaria foram chamados para participarem das buscas.
"Ao resgate!"
Neste mesmo sábado, Mike e Duane foram entrevistados pela mídia e ambos deram informações que serviriam depois de fonte para teorias da conspiração. Mike alegou que o sumiço de Travis atrasaria ainda mais o cronograma da poda de árvores. Duane alegou que ele e Travis sempre foram entusiastas de tudo que envolvia OVNIs, aliens e vida extraterrestre. O xerife de Snowflake chegou a cogitar que os irmãos haviam tramado toda a história, enganando os demais lenhadores, usando um balão atmosférico para simular um OVNI. A própria esposa do xerife julgava essa teoria forçada demais. A essa altura, a mídia já estava eufórica pela história.
A mãe de Travis também foi apontada como participante da trama, pois em um determinado momento, ela decidiu que só daria entrevistas ou falaria com a polícia na varanda da casa, pois estava exausta e sob pressão. Foi o suficiente para suspeitarem de que ela estaria escondendo algo ou alguém dentro de casa. Seria Travis?
Isso parece ser um caso para Xeroque Rolmes...
Um homem chamado William Spaulding, do Ground Saucer Watch, uma organização especializada para investigar casos que envolvam OVNIs, procurou Duane para oferecer cuidados médicos confidenciais, caso Travis retornasse, e pediu que a primeira urina dele fosse coletada e testada. Adoro, muito Arquivo-X isso.
"Chamaram?"
Com toda teoria da conspiração e a suspeita de que alguém havia matado Travis, a polícia solicitou um teste de polígrafo e todos participaram. Perguntaram se eles haviam feito algum mal a Travis, se sabiam se alguém havia feito algum mal ao colega, se eles realmente viram um OVNI e se sabiam onde estava o corpo do desaparecido. Com exceção de Allen Dallis, que não concluiu o teste, os demais lenhadores passaram. Concluiu-se então que nenhum daqueles rapazes havia ferido ou assassinado Travis e que se o OVNI era alguma armação, nenhum deles tinha conhecimento da trama. O xerife de Snowflake não se convenceu e às vezes aparecia na casa da mãe de Travis com a equipe de TV, na tentativa de encontrá-lo escondido lá.
Aprendi no podcast Modus Operandi que a gente nunca deve fazer um teste de polígrafo e nunca responder nada sem um advogado... u_u
Eis que vem a reviravolta, o plot twist...
No dia 10, pouco antes da meia-noite, o cunhado de Travis, Grant, atendeu o telefone, e quem era? O próprio Travis Walton. Ele alegava estar numa cabine telefônica de um posto de gasolina em Heber, que estava ferido e precisava de ajuda. Grant e Duane partiram para o tal posto e encontraram Travis caído na cabine, com a mesma roupa do dia do desaparecimento, magro e com a barba por fazer. Ele estava assustado, trêmulo e repetia o tempo todo que seres com olhos terríveis o aprisionaram. Travis não havia se dado conta de que sumira por cinco dias, para ele, pareciam apenas horas.
"Oncotô?"
A fatídica cabine virou atração, claro... XD
Duane seguiu a orientação de William Spaulding e não chamou a polícia de imediato. Levou o irmão para casa permitindo que ele tomasse banho, se alimentasse e coletou a primeira urina dele. Porém a polícia foi ligeira e descobriu pela companhia telefônica que alguém havia telefonado para a família de Travis. Rastrearam a ligação e seguiram até o posto, onde coletaram impressões digitais. Nenhuma delas era de Travis. Seria um trote e Travis estava o tempo todo em casa? Será que os policiais conseguiriam coletar digitais corretamente no escuro, no frio, tendo apenas uma lanterna como fonte de luz? Tudo isso alimentou ainda mais as teorias.
Será?
Duane se adiantou e levou o irmão para o tal "exame médico" que Spaulding ofereceu. Na verdade se tratava de uma hipnose. E aqui vem um problema: os irmãos alegam que não ficaram mais que 45 minutos no consultório, o terapeuta alega que ficou com eles por mais de duas horas. E aí? O que rolou?
O retorno de Travis chegou à boca do povo e rapidinho os jornais e revistas começaram a atazanar. Fofoca? Aceito! Um grupo chamado APRO, que pesquisa OVNIS, ofereceu consulta médica a Travis (desta vez, com médicos mesmo) e Duane aceitou. Porém um tabloide sensacionalista (rico) entrou em contato com a APRO (pobre) e ofereceu financiar as investigações do grupo, caso os jornalistas tivessem acesso ao Travis. Negócio fechado, business are business. Mais combustível para as teorias conspiratórias.
"Foi um prazer fazer negócio com você..."
Eis que Travis finalmente é examinado e, apesar de estar tudo dentro dos parâmetros, duas coisas chamaram atenção: um ponto vermelho no cotovelo, que sugeriria uma picada de injeção, e a ausência de cetonas. Para você, que faltou às aulas de bioquímica, quando ficamos muitos dias sem comer (o que Travis relatava e sua magreza indicava), nosso corpo começa a consumir o tecido gorduroso, liberando cetonas na urina. OU SEJE, se ele ficou esses cinco dias sem se alimentar, o natural seria uma taxa muito elevada de cetonas. Ele mentiu? Comeu pão na nave? Por que estava magro? O ponto de injeção era de drogas que os aliens aplicaram nele ou alguma feridinha com lasca de madeira?
O xerife Gillespie, que havia acreditado neles (sem ser o chato de Snowflake) ficou muito pistola porque ninguém informou a ele sobre o retorno de Travis. Então ele #partiu #tirarsatisfações. Foi aí que Travis deu seu depoimento oficial sobre o que ocorreu dentro do OVNI nesses cinco dias, mas que na cabeça dele duraram apenas algumas horas.
"Que isso, gente?"
O que vem a seguir é baseado única e exclusivamente no relato do suposto abduzido.
Segue o fio:
Dentro do OVNI, Travis acordou e sentia muitas dores pelo corpo, como se tivesse sido atropelado por um trem. Ao abrir os olhos, percebeu estar numa sala bem iluminada e acreditou ser um hospital. Olhou em sua volta e viu três médicos colocando um aparelho de metal em seu abdômen. Porém os médicos usavam roupas vermelhas e eram pequenos, logo, ele estranhou. E por acaso existe alguma lei obrigando os profissionais da saúde a usarem roupa branca? Não pode ser médico e ter nanismo? Preconceito. Travis então percebeu que os tais médicos eram criaturas com olhos enormes, sem orelhas, sem nariz e carecas. Sei lá, Travis, muito preconceituoso você. E quem garante que eles não eram realmente médicos? Verificou o diploma? Eu hein...
Travis se assustou com todas essas informações e se levantou rápido para fugir, derrubando o tal aparelho de seu abdômen. Ele empurrou as criaturas e correu, tentando pegar um objeto para se defender, pois os seres foram atrás dele. Travis ficou ameaçando as criaturas com um tubinho (ahahah), gritando com eles e os aliens ficaram encarando-o, com certeza pensando "que vexame, shame on you". As criaturas saíram da sala, porque não eram obrigados a nada, muito menos a tolerar jovem merdeiro e deixaram Travis lá, sozinho.
"Que desonra pra tu, desonra pra toda a tua família, desonra pra tua vaca!"
Travis tentou achar algum objeto menos humilhante para usar como arma, caso os seres voltassem. Nada aconteceu e ele resolveu dar um rolê pelo ambiente. Ele passou por um corredor e entrou numa sala redonda com algumas portas, todas fechadas. No centro da sala havia uma cadeira. Quanto mais ele se aproximava da cadeira, mais transparente o teto e as paredes ficavam. Ele se sentou na cadeira, de intrometido que é, e começou a apertar vários botões num display e mexeu numa alavanca. Segundo ele, a nave se moveu. Ele ficou com medo e não mexeu em mais nada. Gente, sério, que cara entrão.
Ao voltar para a porta, Travis viu um ser humanoide, com 2m de altura, com capacete transparente, loiro, forte e com roupa justa azul. Isso te lembra alguém? Pois é, Travis tentou se comunicar com o gigante loirão, mas ele não respondeu. Apenas puxou Travis para outra sala, que parecia um hangar com várias naves. Lá havia mais três humanoides, todos loiros, altos... MEU DEUS, QUE FALTA DE CRIATIVIDADE... Travis tentou em vão obter informações, gritou com eles, e um dos humanoides, uma mulher, colocou uma máscara de oxigênio em Travis e ele apagou, acordando apenas numa rua de Heber, perto do posto. E o resto, vocês já sabem.
"Sdds de mim, migues?"
Agora um resumo: lembram da consulta que durou 45min ou 2h? Pois é, o terapeuta alega que os irmãos ficaram um tempão no consultório, discutindo, e que havia muitas incoerências no relato deles. Uma notícia foi publicada dizendo que o terapeuta falava sobre as mentiras dos irmãos Walton, e então o xerife Gillespie solicitou um teste de polígrafo para os irmãos merdeiros. Duane disse que só faria o teste se os resultados ficassem em segredo. Imaginem o bafafá, né non? Os irmãos fizeram o teste e alegaram que o técnico responsável, McCarthy, não agiu de maneira profissional, que ele os induzia ao nervosismo. Resultado (não tão secreto assim): segundo o polígrafo, Travis e seu irmão mentiram, inventaram a história toda de OVNI e abdução. Mais tarde, Travis faria mais dois testes de polígrafo e passaria em ambos. Porém o estrago já estava feito, sua história passou a ser vista com outros olhos, até mesmo por aqueles que inicialmente acreditaram na abdução.
Outra teoria dizia que Mike Rogers sabia da trama dos irmãos, pois, ao perceber que não terminaria o serviço das podas a tempo, pensou que criar um incidente envolvendo OVNI e aliens permitiria a Mike invocar a cláusula do Caso Fortuito, rescindindo o contrato sem prejuízos para o lenhador. Porém mesmo após o desaparecimento de Travis, Mike nunca invocou a cláusula.
A equipe de lenhadores na vida real...
Em 1978, Travis publicou seu livro, cheio de erros e controvérsias, descrevendo os fatos como se fosse um romance. Como assim? Bom, é assim: como se tratava de um livro onde ele relata a "real experiência" dele de abdução, em muitos momentos ele não esteve presente mas narrou com se estivesse. Exemplo: após ele desmaiar com a descarga elétrica do OVNI, ele descreve os diálogos dos amigos, o desespero deles, porém ele não diz se está parafraseando os companheiros e tampouco se houve uma entrevista oficial para os colegas relatarem. Ele narra como se fosse uma "historinha". Após o lançamento do filme, Travis relançou seu livro, acrescentando partes em que rebate os comentários de alguns críticos. Que treteiro...
Travis Walton continua sendo convidado para dar entrevistas em encontros e eventos de ufólogos
Já o filme, lançado em 1993, modificou a experiência de Travis dentro da nave, trazendo mais horror e desespero ao protagonista, que eu, particularmente, achei muito mais legal. Tem gosma, tem agulha furando o zóio, tem alien com cara de mau...
Vale a pena conferir. XD
E aí?
Você...
...ainda...
...quer...
...ser...
...abduzido?
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